Das palavras que buscam a imagem, das imagens que buscam palavras. Um prefácio. Teme-se que o problema esteja, realmente, no porquê do intocável na estante. “Tem alguma coisa errada” – ele pensou. Deve ter. Aquela estória das maçãs não convencem muito, e mal explicam. É angustiante.
Esta voz narrativa queria mesmo era desumanizar essa arte; ou humanizá-la, a ponto de ser extremamente prosaico, inadequado e vergonhoso. O maior dos medos, no entanto, seria a probabilidade disso mesmo.
O mesmo. A lacuna.
Os brinquedos com os quais ele não brincou.
Ele aprendeu a respirar sozinho, a pegar ônibus em cidade grande, a carregar bagagens, a andar muito, a correr, a escrever, a ler, a compor, a ouvir, a sentir. A arriscar e a ter os pés atrás. A sentir dor e a conviver com ela. Ele descobriu que o tempo se move e nunca vai se mover.
A expressão social do pensamento inaugurou, para ele, a vantagem da construção de discursos. Mas não aqueles discursos musicados e musicáveis. Refiro-me àqueles sem formas pré e pós-estabelecidas. Este.
Amar os sonhos que restarem frios? Não é bem o que se quer. Qualquer que seja a chuva dessas cidades, vá!, que molhe mesmo, molhe muito. E haverá sempre muita água pra regar todo o imóvel. Imóvel, a palavra adjetiva.
Nos tempos de paradoxo e não-soluções, mover-se na sombra é não ter mais o referencial de antigas certezas. O Sol fugia dele, mas de qualquer maneira, a existência da maior estrela nunca fora questionada.
Só que ele queria muito que o seu aviãozinho voasse. Que alguém pudesse entender sua visão de mundo, lá do alto, ou ao menos respeitá-la, permanecendo ali. Parecia simplório, pra alguém que se abstinha de fazer pedidos. Porque, para o criador do tal avião, apegar-se ao detentor de poder só para receber presentes era...., era feio. Mas, e se ele reconhecesse que era fraco, perdedor, e nada sem a loja de presentes?
Talvez assim pudesse tirar sua face da vitrine.