segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Desconstruído



É de senso, provável fato, que o mundo se mostra em diversas composições. E mesmo que dentre essas composições estejam determinados tipos que você se identifica, nunca as características serão unas; sendo assim, é questionável a determinância de gostos e atitudes que você, leitor, executa.

Talvez misturar-se funcione para alguns, isolar-se para outrem, mas para outros, nenhuma das alternativas pode concretizar um desejo específico, tudo pode depender do meio. Tentativas e erros se entrecruzam numa sublime necessidade do específico. É nessa procura que as expectativas surgem, tímidas e inexpressivas, até que se frustram.

É pesaroso pensar que se deve repensar. A atitude em si já traz no seu âmago uma busca pela inconsciência, coletiva ou individual. Tentar faz parte de um conjunto de ações diferentes das comuns, talvez porque seja algo que nem todos se permitem. É dessa forma que se deprime a coletividade exaltando a individualidade, egoísmo.

De forma geral, o homem da multidão reaparece e extenua a mente, leitor, procura tentar, sem intento. Atenua a situação sem descobrir resposta, vive.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Definições



                Acreditar é o melhor a ser feito. Talvez crer não esteja ao alcance de todos. Ainda assim, creio e sou descrente aos olhos de muitos. É possível que todo esforço empregado esteja sendo desviado a outros propósitos, ou, até mesmo, sumindo? Crê, leitor.

                As dificuldades se impuseram a fim de desenvolver modos de superação, mesmo quando não era necessário. Sendo assim, crescer se tornou obrigação, que poucos cumprem. O pensamento é próprio do ser e acredito que as possibilidades se desvanecem. Busco dar tom a muitas súplicas, assim como corroboro diversos pedidos. E atendo, crendo. Não é a busca que me define, muito menos o objetivo, é o caminho. E trilhar todas as possibilidades está fora de alcance tanto quando a crença.

                Gostaria de me definir ausente, ou até mesmo morfema zero, mas assim já afirmei não acreditar, pois não agir ou não se evidenciar é o mesmo que fazê-lo, de outro modo. Entendo que as palavras não sejam tão auto-explicativas, mas não são corruptíveis ao ponto em que o leitor irá repudiá-las. Mas, eu as repudio; diversas e invariáveis vezes. Busco significância naquilo que não se significa, trato e me retrato, em períodos, curtos e pausados.

                Talvez haja diversas perguntas a ser feitas, talvez hajam atitudes a ser tomadas e mesmo assim não consigo alcançar o núcleo. Será possível que essa seja uma das minhas muitas incapacidades? Não creio, visto que já o alcancei e modifiquei parte de sua essência...

                Lembremos, leitor, de que seres humanos não são robôs, reprogramáveis. Mas sim, feitos de matéria viva, pulsante e clichê. São absolutamente. Crença. A busca traz mais infortúnios, e talvez o tom de roxo pálido que entra por veios minúsculos, inundando aos poucos cada mínimo espaço da minha mente, seja somente nostalgia. E viva o fim, pois esse chega, invariavelmente, às minhas crenças.

                Não me defino, leitor, pois nisso não creio, porém me definem, outrem, com seus julgamentos e propriedades, sem fundamentos, sem pensamentos, sem moralidade. E continuo meu caminho, pois essa me define, essencialmente.

sábado, 19 de maio de 2012

Medos & Desejos



Alguns dizem que o medo é o que nos torna humanos....

Mas será que o medo é tão determinante na natureza humana, tanto quanto a capacidade de amar ou de compadecer-se? Acredito que não, leitor. Talvez um dos motivos pelo qual a humanidade não está mais avançada seja exatamente o medo... em  todos os sentidos. O medo faz o ser humano dizer coisas que o eximam de obrigações necessárias, também os acomoda em posições confortáveis, de determinados pontos de vista. Ele produz diversos pensamentos e reflexões que, ao olhar da coragem, se distorcem; e essa distorção, leitor, é uma das coisas mais incríveis que podemos presenciar.

Talvez não seja a hora certa para descrever, mesmo porque descrições são sempre limitadas, não dão conta do objeto mais simples, nem da sinalização mais ignóbil, a descrição, não dá conta de descrever o ponto. Podemos dizer que as curvas não têm mais função, pois se ligam umas nas outras, em números inteiros, sendo assim, não sobra saída, único modo é transpassar. O medo não deixa. A demora na escrita de um determinado texto pode acontecer por diversos motivos, sejam eles de ordem pessoal ou de ordem mística, e por mística não procuro trazer quiromantes ou assombrações para o jogo de palavras, e sim, trazer as questões impostas pelo medo. Acredito que conheçamos o medo, acredito que não somente dentro de nós, mas também dentro de outrem. A crença é parte de um medo, ou de um conjunto de medos, ou de um medo realizado que desperta outros medos. Medos, por si só, são desejos. E pontuo.

Mas como desejar? Tendo medo? Ou ter medo é uma forma involuntária de desejar? Talvez o ser humano não tenha controle de tudo que se move ou age ou é voluntariado, invariavelmente, pelo seu corpo. Talvez o ser humano seja só um conjunto de medos que, juntos, em uma rede, com curvas e curvas e mais curvas, de diferente sinuosidade, detenha o controle de maior valor na mente. E dentro dos porquês e dos talvez que podemos expor, a única verdade, se torna o medo de conhecê-la.

Talvez o leitor não tenha mais curiosidades em desvendar subentendidos nessas linhas, mas afirmo que, ao escrever, medo não tive.