domingo, 7 de junho de 2009

Azáfama


Todos os dias em que saímos de casa, para trabalhar, para estudar, para passear, enfim, nos deparamos com milhares de pessoas diferentes que passam do nosso lado, cruzam nosso caminho, pedem as horas, olham “torto”, sorriem, pessoas que nunca mais veremos, ou se as vir, será como a primeira vez novamente. Muitas dessas pessoas estão apressadas, andando com ligeireza para chegar a um destino que está pré-determinado, algo que só mudaria se não nos condenássemos a essa ditadura das badaladas.

O leitor está andando pela rua, despreocupado, pois acordou cedo e tem tempo para ir com calma ao seu destino quando, em alguns milissegundos, é levado de encontro ao chão por uma pessoa com pressa, sôfrega, ou como alguns mais regionalistas diriam “indo tirar o pai da forca”. Seu cotidiano é interrompido por uma pessoa que está oprimida pela ditadura das badaladas, na qual sua vida se torna um inferno, você deve seguir cada milésimo de segundo no seu cronograma afim de não ser castigado.

Curioso, não é, leitor? Mas o que essas pessoas dependentes do relógio, essa droga controladora da vida, não sabem, é que mesmo que elas sigam todos os passos “milimétricamente” medidos, elas serão castigadas da mesma forma. Seu humor decai, seu rendimento em casa e no trabalho, na escola e no tratamento com as pessoas também decai, e você se julga “a última criatura da terra”.

Qual a razão da pressa? Por que raios temos que pronunciar a maldita frase “Desculpe, estou com pressa!” quando nos encontramos com um velho amigo ou parente na rua. Será que isso foi implantado nas nossas mentes quando éramos pequenos, rosados, fofinhos e inocentes nenês? Será então que quando nos sistematizam na sociedade para que sigamos uma conduta adequada e esperada pelos outros “viciados em tempo limite” no ato de registro dos nossos humildes nomes no denominado cartório?

Olhe por esse lado leitor, você tem o dito livre-arbítrio? Ou você é só mais um dos oprimidos pelo sistema? (Leia-se sistema como esse regime de horários; não pretendo e tenho minha posição acerca do tal “sistema” criticado por muitas bandas suburbanas hipócritas). Alguém já pensou em tirar algum dia do mês, DO ANO, que seja, para incorporar o “flâneur” de Baudelaire?

Fica a proposta, alienados leitores, sejamos “flâneurs” uma vez na vida, e veremos que nada deve regular a nossa vida, nem um miserável aparelhinho com um barulho irritante, que conta cada passo de nossa vida.


Só nos esquecemos do tempo quando o utilizamos
(Charles Baudelaire)