sexta-feira, 30 de abril de 2010

Contaliteração.







Boa noite, vento. A vida não poderia estar mais ‘brisa’, vê se sopra um pouco, vai! Ô dias infelizes, pessoas deploráveis e assuntos irrelevantes. Não poderia estar melhor, já diria o masoquista. Dias e dias, tempos e horas, ventos e tentos. As perspectivas se entrecruzam formando um emaranhado que não se desfaz, um tramado no qual você só pode se jogar, ou se cobrir, tecidos são tramados, não? Bem que a vontade acomodada já passou dos limites e agora não me deixa mais pensar em outras situações, pudesse eu gritar no ouvido de quem me escuta, fazê-los não mais me escutar, CALMA, quem me escuta?


Ser poeta é essencialmente não ser poeta.

Volto a dizer: ”Eu avisei”. E sou estúpido, sem coração, sem tato. Ora, não há maior desacato que pensar em dizer e falar sem entender. Não faz sentido. Não fez sentido. Vamos rimar e ser esdrúxulos ou vamos ser esdrúxulos em rimas ricas, leoninas, toantes, cruzadas, em paranomásias, quiasmos, metáforas e alegorias. A vida pode ser assim. E você um grande mentiroso.



“Penso, logo existo”, o contrário é válido? Posso inexistir ao deixar de pensar? E ao escolher não pensar? O Não pensar oculta ou destrói? Ele vela ou insurge? Não fez sentido. Não faz sentido. Se entender a si mesmo é ser seguro de si, sou uma fortaleza de janelas sem grades e portões escancarados donde não saem os presos, falta entender o motivo.



A alegria de procurar é ter a esperança de achar, enrolei. Encontrei na esquina dum pensamento uma criatura mitológica que me prendeu sob um manto negro. E o sentido? Não fez, Não faz.


Não faz sentido entender, CONTAMINE-SE.


R.Rozsa

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Filantropia finita.

Não sou vanguardista e não vou escrever sobre a vida. Pra que se apropriar do genérico e depois não conseguir falar sobre ele? Contemplo o nada. Meu nada é muito mais complexo que a própria vida. Fazer da ruptura uma tradição estabelece uma relação de sinonímia com a imagem das mãos atadas, ou com a dos olhos vendados.
Disseram-me que a experiência como resultado de uma vivência repleta de significações foi extinta (ou extinguiu-se, no processo reflexivo mesmo?). Não importa, parece-me não terem sujeitos as duas formas do passado. Tenho pedras e construo um castelo: uma sugestão moderna acatada. Pergunto, isso faz sentido pra você? Eu vejo um reino. A minha visão reducionista aproxima de mim todas as abstrações. Também tenho certo apreço pelo concreto, mas não tanto; não pretendo tornar-me engajada.
A única bandeira que levanto é a cor-de-rosa. Ou a não-cor-de-rosa. Ser mulher e ter me constituído mulher ainda me custa caro (o hastear às vezes é de luto). Liberdade não é pouco. Pouco é o que se entende da liberdade. Dizem-me a todo o tempo a periculosidade existente em querer ser (inclui-se aqui o ir e vir); e eu digo: Eu sou. E cito Deus.
Eu desato as mãos, desvendo os olhos, vivo e tenho experiências.
Mas e agora, se estamos tão longe de casa, quanto devo correr? Desmancho a completude do que é sólido em mim e construo milhares de pontes pra lugares de difícil acesso. Eu ainda tenho medo.


O que eu quero ou o que eu preciso? Modernismo é movimento de quem quer/não quer ser poeta. Feminismo é movimento de quem não quer/quer ser mulher.



* Sua liberdade interpretativa é muito válida aqui. Apenas mantenha a arte e a feminilidade da última frase como instituições. De resto, você pode matar o autor. Ou tentar entendê-lo.