sexta-feira, 9 de abril de 2010

Filantropia finita.

Não sou vanguardista e não vou escrever sobre a vida. Pra que se apropriar do genérico e depois não conseguir falar sobre ele? Contemplo o nada. Meu nada é muito mais complexo que a própria vida. Fazer da ruptura uma tradição estabelece uma relação de sinonímia com a imagem das mãos atadas, ou com a dos olhos vendados.
Disseram-me que a experiência como resultado de uma vivência repleta de significações foi extinta (ou extinguiu-se, no processo reflexivo mesmo?). Não importa, parece-me não terem sujeitos as duas formas do passado. Tenho pedras e construo um castelo: uma sugestão moderna acatada. Pergunto, isso faz sentido pra você? Eu vejo um reino. A minha visão reducionista aproxima de mim todas as abstrações. Também tenho certo apreço pelo concreto, mas não tanto; não pretendo tornar-me engajada.
A única bandeira que levanto é a cor-de-rosa. Ou a não-cor-de-rosa. Ser mulher e ter me constituído mulher ainda me custa caro (o hastear às vezes é de luto). Liberdade não é pouco. Pouco é o que se entende da liberdade. Dizem-me a todo o tempo a periculosidade existente em querer ser (inclui-se aqui o ir e vir); e eu digo: Eu sou. E cito Deus.
Eu desato as mãos, desvendo os olhos, vivo e tenho experiências.
Mas e agora, se estamos tão longe de casa, quanto devo correr? Desmancho a completude do que é sólido em mim e construo milhares de pontes pra lugares de difícil acesso. Eu ainda tenho medo.


O que eu quero ou o que eu preciso? Modernismo é movimento de quem quer/não quer ser poeta. Feminismo é movimento de quem não quer/quer ser mulher.



* Sua liberdade interpretativa é muito válida aqui. Apenas mantenha a arte e a feminilidade da última frase como instituições. De resto, você pode matar o autor. Ou tentar entendê-lo.

2 comentários:

Anônimo disse...

E que tal reduzir o autor afim de aproximar-se do texto?

"A minha visão reducionista aproxima de mim todas as abstrações."

Amei a música :D

Ceres disse...

Acho que peguei o fio da meada em algum momento do texto, mas terminei perdendo-o novamente.

Confuso e não explicado...

Mas gostei do final!
"Feminismo é movimento de quem não quer/quer ser mulher."

Boa maneira de pensar, boa definição.