É deveras estranho pensar como a internet cresceu; e com ela a interação virtual, o ambiente de relações PC-PC e a redução do contato humano. Hoje, em uma das raras vezes em que liguei a televisão, me deparei com uma reportagem. A polícia está a ponto de desbancar mais uma dessas redes de pedofilia, em questão estava as lan-houses e a facilidade com que essas pessoas tinham acesso para divulgar o material e procurar vítimas através de perfis falsos criados em sites de relacionamento. Saindo do mérito da crueldade e condenação dessa prática horrenda, gostaria de abordar uma questão delicada e que cada dia mais impregna a mente e as relações dos usuários da web.
Você é o seu avatar?
Meço todas as possibilidades de descobertas acerca do que se é. Soma-se meio metro de não-saberes e uma música: "acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto". Minhas opções de cliques podem me definir, caros. Ou não? A constituição fragmentada dos meus olhos devem me definir, por certo. Sou o que vejo e aquilo que o que vejo faz brotar em mim? Sou as perguntas que faço. Reconhece-se a existência de incompreensões formais, porque o mais evidente parece ser o fato de que não se é, nem nunca se será estrutural. O conteúdo de um texto é substituível. Não que nós sejamos títeres, no entanto, é possível que façamos parte de um sistema predestinado. E dialético, claro: o livre-arbítrio também dará o ar de sua graça.
A impossibilidade da definição estrutural do indivíduo culminará num impasse lógico, como um ser fragmentado pode constituir um eu-virtual sólido? A premissa será sempre de um indivíduo frente a uma máquina, indivíduo de cacos. A possibilidade da realização dos anseios lógicos da mente; “O que gostaria de ser”, “O que poderia ser/ter sido”, etc. Como responder ao “Quem sou eu:” sem realmente saber? Recorre-se às outras perguntas, tentamos nos mostrar ou nos esconder através de signos, musicais, audiovisuais, literários, grupos e imagens. Mas tudo isso nos representará realmente? Como ser um ser fragmentado dentro de algo que impõe uma sólida estrutura?
Bom, o fato é que não canto mais porque o instante existe. Meu instante é triste (e minha rima pobre). Não trago mais balões.
Na tentativa de ser melhor, e de menos poeta observador ser, troquei as falas, os atos, os gestos. Dancei no ritmo do descompasso, daqueles sem verve e sem introspecção. Fiz dele meu lenitivo.
Eu tive um encontro com o corvo, juro que tive, mas fui eu quem lhe disse: Nunca mais. Espero que esta seja a minha última agonia, porque a mesa é farta, porém podres são os manjares. Lembro que disse que desejava sorrir também, eu só não sei, realmente, se esta alegria me fará versejar. Se a vergonha tivesse um rosto, ela se pareceria comigo hoje.
E exclamei: “Era outubro, decerto, e era esta mesma, há um ano, a noite fria em que vim, a chorar, aqui perto, fardo horrível trazendo, aqui perto”.
Quem precisa de subterfúgios? Todos aqueles nos quais uma veia pulsa.
Quem precisa de balões? Todos aqueles nos quais...
Não.
Sim.
E a antitética questão perdurará. São somente mais argumentos pontiagudos ameaçando. Sou a criancinha com o balão vermelho, desejando o amarelo e enxergando azul. Somente mais uma palavra de não-afeto poderá afetar. E quem sabe, dirá muito mais de mim mesmo. Quem sabe o leitor poderá me dizer quais balões já “encheu”? Quais destes estouraram, quais foram levados pelo vento... leitor?
Vamos ao encontro da realidade, os balões compunham um todo colorido; então por que todos escolheram a mesma cor? Tentamos estar sempre com a mesma cor que o amiguinho do lado? Balões não são só balões.... balões nem poderiam ser balões; não estes balões. Pois estes estão cheios, cheios de...
"Gostaríamos de agradecer a todos os queridos leitores que contribuíram para a que marca de 2000 visitas fosse alcançada. O blog começou com 3~5 visitas por semana, e foi aumentando aos poucos, com o carinho de todos por que aqui passam, comentando ou não, com pressa, relaxados, felizes, tristes.. Fica então, o nosso registro; Fosse 1 leitor, fossem mil, todos seriam importantes e seriam tratados com o mesmo carinho que a nós dedicam. Grandes abraços."
Kamila C. Almeida
Rubens Rozsa Neto
(Sim, fomos os dois que escrevemos, escolhemos os vídeos e imagens)