sábado, 13 de março de 2010

Idosas Reflexões...




Não é de hoje que me tenho sentido cada vez mais velho a cada dia, e não, não me refiro às dores na coluna ou rabugice, e sim, aos meus gostos, pensamentos, idéias e motivações. Os dias passam, e são cada vez mais analisados e estudados, são meticulosamente pensados, e ainda assim não percebo a rotina, talvez perceba, mas não conscientemente. Paradoxal essa minha velhice. Abri um pouco mais de espaço no meu guarda-chuva de paradoxos e dei espaço às novas sensações, assim como os idosos que abrem o coração novamente para a vida, ou sou um jovem que nunca abriu seu coração? Bem, é difícil abrir um músculo com os dedos, concorda, leitor?

Talvez eu devesse mandar um pão-por-Deus ao vazio no meu peito dizendo:

Lá foi o meu coração
Destroçado por seu dono
Procurando seu caminho
Pois eu o abandono

Mas penso que ele voltou, ou talvez nunca partiu, mas, não sei. Procuro por referências saudosas de coisas que não são de minha época, com as quais não tive contato em um passado remoto. Sinto saudades dos ‘bons tempos’, já conto causos começados por ‘na minha época...’ e dou sermão ao garotinho da quarta série. Busco dentro de mim um ser infantil, ou um infantil que condisse com minha realidade secular, pois agora no meu milênio já não tenho mais perspectiva. Claro que o futuro está aí, aqui, aí, aqui, aí, aqui, ali. E o tic-tac do relógio, ops, esqueci que os relógios não fazem mais tic-tac, mas, na minha época, faziam.

Aonde foi, leitor, na minha vida, que coloquei a minha mente numa máquina de fermento cerebral e a fiz pular anos de amadurecimento? Agora o maduro já seca, ou apodrece; talvez a sandice me aguarde, em qual dobra? Vou esculpir dois ou três pedestais e colocar a realidade, o tempo e o ser. Talvez os pinte de verde ou vermelho, mas creio que a necessidade se faz real quando o ser já é irreal. E nada fez mais sentido.



Sim, estou velho...

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei, Rubens. Adorei mesmo.