Este povo que me rodeia acredita em violência simbólica e em aparelhos ideológicos de Estado. Eles acreditam e subjugam-se a essa crença. Cria-se, portanto, uma ilha, para que, esporadicamente, possa-se sentar numa extremidade e refrescar os pés. Tudo bem em ser hipócrita. Hipocrisia é um clichê. Ser clichê hoje é uma virtude.
Qualquer tomada de posição constitui uma ilha, e se for preciso escolher uma redoma, prefiro aquela em que o aproveitar da água não seja apostasia.
Manias de perseguição me cansam neste dia. Também porque me perseguem. Dormir e não sonhar é um sonho. Dormir bem e bastante, outro. Não quero ter heterônimos, muito menos ter o emudecimento de José (e agora, meu caro?); quero o saudosismo apenas em relação àquilo que verdadeiramente me compõe e me refaz.
A pacificação subjetiva tem a ver com a insurreição: só há subversão quando a regra não é favorável. Torne a regra favorável a mim que estarei à direita do poder (Pense nisso ao votar).
A necessidade em sentido amplo e a manutenção de algumas rotinas criadas em arquipélagos criam as imagens de bandeirinhas que balançam por aí. Nenhuma indignação neste texto. Todos querem apenas deitar e descansar. Quem ao ócio contempla em demasia, subverte-se.
Avulta em mim a tradição; não da ruptura, mas a adâmica, pré-queda, se esta não existisse. Apesar disso, mostrarei o outro lado, porque não abro mão dos ensinamentos do colega Hegel. Do outro lado está a vaidade. A vaidade momentaneamente feliz, pós-queda. Que tanto Gênesis!
Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz?
Um comentário:
Belo texto, muito bem construído.
E a música foi uma excelente escolha.
Grande abraço e sucesso!
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