Eu devo ter muitos medos, mas o mais curioso de todos eles é o temor por um prefixo. O prefixo do deslocamento. Eis uma história: Dois meninos brincavam na floresta, um deles tinha uma cabeça muito grande. Acontece que havia uma competição na brincadeira dos meninos. A figura pueril não descrita venceu e afirmou que seu coleguinha não pôde fazê-lo porque tinha a cabeça muito grande.
Um dia, algum velho barbudo com roupas esquisitas resolve apropriar-se da narrativa juvenil para explicar determinado conceito para mentes que acham que podem crescer. O tamanho da cabeça do menino não importava mais, muito menos a prepotência do outro. Os sentidos são deslocados. Agora um fato pode virar uma figuração e uma alegoria de outro fato (ou teoria), que nada tem de próximo a uma brincadeira de criança.
O prefixo me assusta. A Clarice falou uma vez que tudo que ela dizia não era o que ela dizia, e sim outra coisa. O sentido desliza e escapa. Escapa pra onde? O “meta” mete medo. Se a linguagem é sempre metáfora e o bonito da vida é sempre não dizer o bonito da vida, olha... Nós estamos mal.
Primeiro me disseram que estamos pobres de experiência, depois, que a fábula deixou de ser possível. Malandragem humana essa de se distanciar das coisas pra não se dar ao trabalho de conhecê-las em sua essência. Voltemos, por favor. Há muitas vozes lenientes e muitas histórias bonitas a serem ouvidas. Uma delas sempre me diz, todo ano: “Feliz aniversário! Envelheço na cidade”.
A verdadeira importância da história dos meninos foi esquecida quando transposta para o mundo das ficções. Quem eram esses garotos? Que sentimentos os moviam? Quem realmente venceu a competição? O jogo incessante que se tornou a linguagem neste tempo – este que não nos espera mais - fez de nós um vazio de respostas e um acúmulo de “sentidos meta” (ou de não-sentidos?). Desculpem-me, mas o sujeito é um só, e o autor nunca morre.
O meu nada é um nada mesmo. E o aniversário, é o aniversário de fato. Vinte e três parece um grande número – um número grande. Bem grande.
Um feliz aniversário, para mim ou pra você!
Um dia, algum velho barbudo com roupas esquisitas resolve apropriar-se da narrativa juvenil para explicar determinado conceito para mentes que acham que podem crescer. O tamanho da cabeça do menino não importava mais, muito menos a prepotência do outro. Os sentidos são deslocados. Agora um fato pode virar uma figuração e uma alegoria de outro fato (ou teoria), que nada tem de próximo a uma brincadeira de criança.
O prefixo me assusta. A Clarice falou uma vez que tudo que ela dizia não era o que ela dizia, e sim outra coisa. O sentido desliza e escapa. Escapa pra onde? O “meta” mete medo. Se a linguagem é sempre metáfora e o bonito da vida é sempre não dizer o bonito da vida, olha... Nós estamos mal.
Primeiro me disseram que estamos pobres de experiência, depois, que a fábula deixou de ser possível. Malandragem humana essa de se distanciar das coisas pra não se dar ao trabalho de conhecê-las em sua essência. Voltemos, por favor. Há muitas vozes lenientes e muitas histórias bonitas a serem ouvidas. Uma delas sempre me diz, todo ano: “Feliz aniversário! Envelheço na cidade”.
A verdadeira importância da história dos meninos foi esquecida quando transposta para o mundo das ficções. Quem eram esses garotos? Que sentimentos os moviam? Quem realmente venceu a competição? O jogo incessante que se tornou a linguagem neste tempo – este que não nos espera mais - fez de nós um vazio de respostas e um acúmulo de “sentidos meta” (ou de não-sentidos?). Desculpem-me, mas o sujeito é um só, e o autor nunca morre.
O meu nada é um nada mesmo. E o aniversário, é o aniversário de fato. Vinte e três parece um grande número – um número grande. Bem grande.
Um feliz aniversário, para mim ou pra você!