terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Paradoxo da Nostalgia

Saudade é a designação comum às plantas da família das Dipsacáceas. Desapontado, Leitor? Foi só uma brincadeirinha para iniciar o texto de hoje.

Palavra única que designa esse sentimento também único, o qual se manifesta de diferenciadas formas e objetivos. Saudade é o sentir ausência, falta, desejo de retorno. Saudade é sentir o mundo incompleto, sujeito sem predicado, signo sem referente. Todo mundo sente saudades, a todo o momento.

Existia uma menina, pele branquinha, cabelos escuros, olhos grandes e marcantes, sorriso singular. Ela mudou-se sozinha, nova casa, nova cidade, novos amigos, novas verdades. Mas era tudo muito incompleto, muito estranho, muito agonizante. Ela sentia saudades.
Há diferenciados tipos de saudade, aquela saudade que não vai passar nunca, dos tempos infantis, quando você ia para a casa da sua avó e ganhava uma moeda para comprar bala, ouvia sempre o mesmo conselho: ‘não gaste tudo de uma vez’. Saudades que todos temos, dos nossos amiguinhos, todos crianças, ‘malinos’, achando que o mundo cabia na garganta, com apetite de aprendizagem, vontade de mudar o mundo. Há também a saudade que o coração sente, daquele amor não acontecido, do amor esquecido, do amor acabado; saudade essa que cresce, e as vezes se torna quase insuportável. Saudades dos melhores amigos, aqueles, bichinhos, nossos cachorrinhos, gatos, periquitos, papagaios, iguanas, cavalos e todo o tipo de animalzinho pelos quais desenvolvemos afeto. Saudade das brincadeiras adolescentes, com aquele indício de ‘maldade’, dos beijinhos escondidos, das verdades escritas nos diários. Saudades da família, quem mora mais perto, quem mora mais longe, alguém que nos faz falta, saudades da família são diferentes, são mais ativas, mas verdadeiras, nos entristecem algumas vezes. Dos nossos amigos de colégio, aqueles palhacinhos que nos incomodam, os pentelhos que nos irritam, aqueles que nos aconselham, ajudam, riem e choram conosco, aqueles que levamos depois.



E a menina se lembra todos os dias de tudo isso, de tudo aquilo que ela gosta e sente falta. Só que ela se esquece de algumas coisas, mas é normal, todos nos esquecemos de algumas coisas; Esquece que também no novo lugar há, e se ela quiser, sempre haverá, algo do qual sentir saudade, caso volte a sua cidade. Então ela sorri, chora sorrindo, e sente saudades novamente.



Quem não sente saudades? De tudo que já viveu de bom, dos tempos que não voltam, do que hoje não acontece mais. Quem não sente saudades de um amor, um familiar, um amigo bicho? Sempre há do que se lembrar. Já disse alguém ‘recordar é viver’ e viver é criar recordações, boas, más, há sempre o que aprender. A saudade é o sentimento único, expressado por essa palavra única e que torna as pessoas únicas no nosso coração.









PS: É uma música que me lembra muita coisa, me dá saudades.

2 comentários:

P. Florindo disse...

Lindo texto, amigo Rubis. Um dos melhores que você já escreveu.

Às vezes lembro da minha infância e consigo sentir uma saudade feliz dela, embora ela não tenha sido fácil afinal, tenho 4 irmãos (2M, 2H) e sempre houve muita competição.

Sinto saudades especialmente das músicas que eram mais anos 80 e até dos LPs de música sertaneja do pai e da mãe.

Mas não vou me alongar. Ainda tem muita coisa viva na minha cabeça e isso eu e você poderemos compartilhar via MSN ou pessoalmente com o amigo Maic. =)

Unknown disse...

E pensar que, talvez, esse seja um sentimento quase que exclusivo dos falantes da nossa língua.
Saudade é ouvir o som do silêncio. Simon e Garfunkel me entendem também! :) =~~