quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Para os que não gostam de ler

Rubem Alves me inspirou. O caótico, o psicodélico e tudo aquilo que se estrutura a partir de pseudos-existires me causam repulsa hoje. Ler é um exercício de alienação. Não quero ser desencorajada de pensar meus próprios pensamentos, mas sei que a administração dos pensamentos alheios e análise destes é a chave. Estive a pensar sobre essa tal constituição de identidade e descobri que ela se dá até quando a luta travada no seu interior reflete covardia, fragilidade, insegurança e necessidade de aprovação. Chama-se EU. Ou VOCÊ.
O caso de muitos eruditos: leram até ficarem estúpidos.

"É um equívoco imaginar que a quantidade de livros lidos desenvolve a capacidade de pensar. Comida ingerida em grande quantidade provoca perturbações digestivas ou obesidade. Eruditos, com frequência, são obesos do espírito"*

Por óbvio que pra citar, precisa-se ler. Mas lê-se pouco para citar. E pensa-se. É essa a minha defesa hoje. Da chuva que cai, ao café e o seriado de texto compreensível e inteligente. O mundo passou a considerar o obscuro como sinônimo de evolução mental e o desarmônico como produto de capacidade acima da média. Quero dizer que hoje tenho percebido o avesso, apesar de ser muito fã de proliferação e aparatos confusos. No entanto, se nem o próprio autor sabe do que fala, que raios de pensamento ele tem? A metáfora da abstração oriunda de um complexo jogo de paradoxos moldados pela imensurável interferência dos paralelos que se encontram e não se encontram (??!!) Merda, Batman! Pode expressar-se dessa maneira inúmeras vezes, mas isso tem de ser apenas a sua arte pensante de colocar em questão as possíveis relações das suas figuras de linguagem. E isso é lindo. Porém pense.

Ser mal interpretado é um fardo. Ter trejeitos confusos operando para a dificuldade de interpretação também. Não use maquiagem para ser livre para chorar e coçar seus olhos. Sorria e acene, contudo não julgue válidas quaisquer menções a seres 'extraordinários' que merecem ser lidos. Não que não devam ser conhecidos; apenas releve o fato de que você também deve ser notado como existente. Quem me conhece? Com certeza não são os caras que leio. A arte de não ler também pode ser importante, presumo.

Aqueles estúpidos mencionados acima são imagens que figuram em mim a lembrança de estar extremamente em desconforto ao se tentar estabelecer uma trivial convenção social. Todos necessitam se relacionar. Espero que isso fique bem claro para os que gostam de ler. O peso das não-relações aumentam a fuga ao mundo daqueles que pensam por nós. É provável que isso sim seja a maior insanidade desse ar pós-moderno weird.


E hoje eu ouço Hanson, Norah Jones e Lifehouse. Justamente porque os meus ouvidos agradecem e sorriem. Só por isso. O simples (além de eloquente e bonito) me faz pensar. E pensar, oras... faz-me constituir o meu lugar; lugar-comum? Talvez, mas é meu. E sou eu.

Desculpas e agradecimentos,


Kamila.



*Sobre Leitura e Burrice - Rubem Alves.

Um comentário:

Anônimo disse...

Demais demais demais!!!!!!

Sem mais meias palavras :p