A agudez irritante que faz o som do maldito despertador me chegou aos ouvidos num dia em que até a mais bela sonata me deu dor de cabeça, não, não é uma ressaca leitor, nem síndrome do final do semestre que me impediu de escrever esse tempo todo por aqui, mas, o meu mau humor habitual. Talvez fosse menos complicado jogar o despertador na parede como fiz, em pensamento, do que apertar os botões para desligar. A contemporaneidade me irrita, falou o pseudoporcaria Cult que vive no século passado. Às vezes eu preferiria viver no século 14, na Europa, com todos os maus hábitos e crenças em Deus Mau e Diabo Vingativo para explicar a peste. Quem sabe eu seria mais feliz.
O Leitor me permita dizer que os dias não se arrastam mais como eu já divaguei por essas linhas digitais que nada valem. Os dias correm cada vez mais e levam com eles as vastas emoções que eu nunca tive, nem você, o ultra-romantismo está morto, só os emos não perceberam isso. Se a imagem de um phallo colorido disfarçado de pintura puder comover essa juventude pobre e podre que têm seu imagético natural determinado pela alienação televisiva, pintá-la-ei em camisetas com preços banânicos.
É natural ser banal, já disse o fashionista, e entre os adereços que montarão a alegoria da miséria humana, é possível prever o imprevisível, será que chove hoje? Bom, nem tão bom, mais do que bom, é perfeitamente claro deixar-se entender nas entrelinhas, mas quem gosta delas? Posso perceber que a vida não tem mais sentido, nem em fazer, nem em se desfazer, genericamente perfeito. Sou eu. Claro que deixar levar é mais do que alugar um cérebro, pois cabeça vazia bóia na poça de excremento que chamamos cultura erudita, ou seria de massa? Tanto faz, a parte que me cabe fede tanto quanto. E aí eu me escondo no meu quarto e durmo abraçado no meu travesseiro, que escuta meus gritos e grita surdamente em meus ouvidos, para que eu respire um novo ar, talvez abrir a janela. Não somos mais os mesmos de outrora, e a vida passa.
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4 comentários:
Rubens is back!
Entendo sua incomodação em relação ao óbvio, ao imposto, à alienação.
Somos uma ilha de cultura num oceano de esgoto.
Adorei o tapa na cara: "o ultra-romantismo está morto, só os emos não perceberam isso".
good!
Meu Deus, eu pensando em passar no blog do Rubens pra dar uma olhadela (é, foi de propósito a escolha da palavra (sem graçaaaa!)) e bam!
Sem comentários. A cada palavra que passa nesse blog, me identifico cada vez mais.
É clichê, mas espero que o autor desses textos nunca pare de escrever! rs
Num tempo ido tais angústias até me percorriam o corpo todo. E espasmos eram frequentes, além de muita reclamação e desânimo. O inacreditável é que era natural toda a irritabilidade em viver nessa época, e não em outra qualquer. Chega um tempo em que viver sem mistificação alguma compõe-se de verdades indigestas.
Não estamo prontos para ter sonhos possíveis...
Parabéns pelos textos Rubens
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