sábado, 10 de julho de 2010

Vastas Emoções






A agudez irritante que faz o som do maldito despertador me chegou aos ouvidos num dia em que até a mais bela sonata me deu dor de cabeça, não, não é uma ressaca leitor, nem síndrome do final do semestre que me impediu de escrever esse tempo todo por aqui, mas, o meu mau humor habitual. Talvez fosse menos complicado jogar o despertador na parede como fiz, em pensamento, do que apertar os botões para desligar. A contemporaneidade me irrita, falou o pseudoporcaria Cult que vive no século passado. Às vezes eu preferiria viver no século 14, na Europa, com todos os maus hábitos e crenças em Deus Mau e Diabo Vingativo para explicar a peste. Quem sabe eu seria mais feliz.



O Leitor me permita dizer que os dias não se arrastam mais como eu já divaguei por essas linhas digitais que nada valem. Os dias correm cada vez mais e levam com eles as vastas emoções que eu nunca tive, nem você, o ultra-romantismo está morto, só os emos não perceberam isso. Se a imagem de um phallo colorido disfarçado de pintura puder comover essa juventude pobre e podre que têm seu imagético natural determinado pela alienação televisiva, pintá-la-ei em camisetas com preços banânicos.



É natural ser banal, já disse o fashionista, e entre os adereços que montarão a alegoria da miséria humana, é possível prever o imprevisível, será que chove hoje? Bom, nem tão bom, mais do que bom, é perfeitamente claro deixar-se entender nas entrelinhas, mas quem gosta delas? Posso perceber que a vida não tem mais sentido, nem em fazer, nem em se desfazer, genericamente perfeito. Sou eu. Claro que deixar levar é mais do que alugar um cérebro, pois cabeça vazia bóia na poça de excremento que chamamos cultura erudita, ou seria de massa? Tanto faz, a parte que me cabe fede tanto quanto. E aí eu me escondo no meu quarto e durmo abraçado no meu travesseiro, que escuta meus gritos e grita surdamente em meus ouvidos, para que eu respire um novo ar, talvez abrir a janela. Não somos mais os mesmos de outrora, e a vida passa.




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4 comentários:

P. Florindo disse...

Rubens is back!

Entendo sua incomodação em relação ao óbvio, ao imposto, à alienação.

Somos uma ilha de cultura num oceano de esgoto.

Adorei o tapa na cara: "o ultra-romantismo está morto, só os emos não perceberam isso".

Vitor R. disse...

good!

Anônimo disse...

Meu Deus, eu pensando em passar no blog do Rubens pra dar uma olhadela (é, foi de propósito a escolha da palavra (sem graçaaaa!)) e bam!
Sem comentários. A cada palavra que passa nesse blog, me identifico cada vez mais.
É clichê, mas espero que o autor desses textos nunca pare de escrever! rs

Aubergine disse...

Num tempo ido tais angústias até me percorriam o corpo todo. E espasmos eram frequentes, além de muita reclamação e desânimo. O inacreditável é que era natural toda a irritabilidade em viver nessa época, e não em outra qualquer. Chega um tempo em que viver sem mistificação alguma compõe-se de verdades indigestas.
Não estamo prontos para ter sonhos possíveis...

Parabéns pelos textos Rubens