segunda-feira, 4 de abril de 2011

As plantas gostam de música














O dia amanheceu frio. Constatações simples regem os diversos fatores envolvidos; fatos e atos, desacatos, penso e sinto, é um grande avanço, só pensar consumia minha sanidade. E o dia amanheceu frio porque a lua se escondeu na noite anterior. Especulações não podem ser simples, pois elas não dão conta dos fatores envolvidos. Hoje é um belo dia, independente das formas que tome. Hoje não é mais um dia esbranquiçado, hoje é um dia alaranjado, vibrante, com cores solares. É um dia frio de cores quentes.

Sou tese e antítese, deito nas nuvens, pulo e danço sobre elas, mas, se penso, caio e me assusto. Contar linhas, analisar variáveis não funciona, isso não é matemática. Não preciso de socorro, já me sinto seguro, talvez eu segure sua mão e ande ao seu lado pra sempre, não, não preciso mais dizer 'oi, eu estou aqui, me dá um abraço?', é possível que se interprete tudo isso em dois segundos de conversa muda. E o brilho nos olhos não é reflexo, já que a lua não apareceu. Não consigo contar estrelas, me perco na terceira, afinal, contar estrelas é algo pra ser feito de longe, não quando se está nadando entre elas. E o dia amanheceu frio.

Que será isso? Não defino, não defina, pense, mas não julgue, nem se julgue, segurar as mãos e pular é espontâneo, e agora, o comedimento é pecado. Mas não nos apressemos, leitor. A vida não é tão curta assim, o tempo é noção nossa, e, se depender de mim, cada minuto será eterno segundo Drummond:

"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...."

Mas esses segundos não precisam ser resgatados, existe uma força que seria capaz, mas é tão mais simples eternizar diversos outros segundos. Leitor, não banque o sábio me dizendo que o simples não é efetivo, efetiva-se, contextualize. As borboletas voaram, sobraram somente o que elas polinizaram, agora é cuidar, cuidar, regar, adubar, cuidar, cuidar, vai crescer, só depende das quatro mãos envolvidas.

É por isso que, às vezes, as quatro mãos devem largar alguns segundos para cuidar dessa semente e segurar novamente para apreciar o broto novo. E o brilho nos olhos não é da lua, ela não apareceu nessa noite e o dia amanheceu frio.

As notas que produz e reproduz, quando me conta segredos ao ouvido, são melodias, sabia que as plantas gostam de música?

09 - eu quero sol nesse jardim by Lucy Kulza

Eu quero sol nesse jardim - Catedral

4 comentários:

P. Florindo disse...

Que as quatro mãos continuem cuidando de uma planta que há de nascer verde e vigorosa. E que precisa do Sol e de seu calor para fotossintetizar e crescer.

Só não concordo muito com a música que você usou no texto. Acho que "deixa acontecer na-tu-ral-mente, eu não quero ver vo-cê choraaaaaaaar" ilustraria melhor este post. :)

Kamila disse...

Meu desejo é que os olhos sempre encontrem motivos para brilhar. Com ou sem cores solares.

:)

Martos disse...

Amigo Rubens, como quero esse "brilho nos olhos" que "não é da lua". Talvez esse brilho nos olhos seja simplesmente a vontade de viver, que nos vai sendo, cada dia, borrada em nosso horizonte. Culpa nossa que deixamos a superficialidade tomar conta de nós.
Obrigado pelo seu lindo e profundo texto, nos dado de presente.

Aubergine disse...

Pois é meu amigo.. a semente brotou, e cuidar e tudo que se deve fazer para sempre. Mas lembre-se: não se distraia porque o tempo não volta.
Adoro Catedral,as vezes ouço quando estou infinitamente respirando o pólen da paixão... Ótima escolha musical.
Bisous!