sábado, 21 de fevereiro de 2009

Be a Marley

Que me desculpem os leitores por tratar de um assunto tão discutido por aí, mas prometo que trarei algo ‘a mais’ do que simplesmente recomendações. Sou um cinéfilo maníaco, assisto todo tipo de filme, seja ele qual for a temática, o gênero, a duração, a procedência, etc. O gênero que muito me agrada é o terror, apesar de existir em mim uma personalidade admiradora das comédias mais esculhambadas e dos dramas mais avacalhados dos tempos. Foi este lado que me condicionou a assistir estes dois filmes:

‘Marley & Me’ (no Brasil: ‘Marley & Eu’) http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=19349

‘Burn after reading’ (no Brasil: ‘Queime depois de ler’) http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=19981

O primeiro é uma comédia romântica com elenco formado pelos já consagrados Owen Wilson e Jennifer Aniston e o segundo uma denominada ‘comédia inteligente’ com um elenco de invejar os mais bem-feitos filmes de Hollywood, entre George Clooney e Frances McDormand passando por John Malkovich até Brad Pitt.

O que impressiona em ‘Queime depois de ler’ é a procura dos diretores Ethan e Joel Coen (do excelente ‘Onde os fracos não têm vez’) [1] por um humor que faria rir somente um seleto grupo, ou no caso, os norte-americanos e seu famigerado humor negro. Mas posso afirmar que não alcançaram o seu objetivo com excelência. O filme tenta jogar na cara do telespectador um pouco da alienação, violência, dramatização e derivados que os filmes ‘hollywoodianos’, por assim dizer, têm trazido em seu conteúdo. Brad Pitt como sempre mostra seu potencial se transformando em um personagem distinto de praticamente todos que já interpretou, consegue ser chato o suficiente para que bocejemos e possamos tirar um tempinho para ir ao banheiro. A atuação do grande elenco é muito superior a necessidade existente para fazer filmes desse gênero, mesmo que os atores se sintam muito confortáveis atuando nessas produções. O filme traz, em suma, uma enrolada história, com encontros e desencontros nada convenientes, um humor ‘raso’ que só toma forma quando o filme está para acabar. Alguns cinéfilos hipócritas defendem o filme como ‘comédia inteligente muito acima do povo brasileiro’, idéia esta que eu repudio com todo prazer. Cito como argumento para refutar essa hipótese, comédias realmente inteligentes que não utilizam humor esculhambado para tirar gargalhadas prazerosas do público, são elas:

‘Shopgirl’ (no Brasil: ‘A garota da vitrine’)

http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=10775

‘Eternal Sunshine of the Spotless Mind’ (no Brasil: ‘Brilho eterno de uma mente sem lembranças’) http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=8914

‘Being John Malkovich’ (no Brasil: ‘Quero ser John Malkovich’) http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=1149

Dentre outros..

‘Queime depois de ler’ consegue nos trazer o tédio de ‘Matadores de velhinhas’[2]dos mesmos diretores e entedia o público ao máximo, fazendo com que muitos desistam do filme nos primeiros 35 minutos e os mais fortes fiquem até os 50 minutos. Eu, que sou cinéfilo inveterado fiz em torno de cinco pausas no decorrer do filme, inclusive assisti a outro filme numa dessas pausas.

Meu lado admirador de comédias esculhambadas e avacalhadas entrou em depressão após assistir ‘queime depois de ler’ por ser uma ‘comédia inteligente’ que de comédia não tem nada. Inteligente ou não é o filme que eu recomendo que assistam numa noite de insônia na madrugada do carnaval que vocês estiverem gripados.

‘Marley & Eu’ foi a grande revelação da semana, dentre a lista que assisti, este era um dos quais eu não esperava absolutamente nada. Depois do sucesso do livro, o qual eu não tive o menor interesse em ler até repetir o sucesso nos cinemas e refletir nas vendas de cãezinhos ‘labrador’ pelo mundo inteiro. O fato de ser uma história real pode ter influenciado no tom novo que o livro trouxe e a adaptação para o cinema não poderia ter ficado melhor, ‘Marley & Eu’ é absolutamente recomendado.

O cão como companheiro, a vida ao lado do cão, o melhor amigo, a perda, etcetera; são temas já há muito tempo conhecidos dos telespectadores, desde a famosa ‘Lassie’[3] até o nosso amigo ‘Beethoven’[4]e todas as sequências, lembrando do muito antigo ‘Rim Tim Tim’, até hoje nada de tão novo havia sido criado com o tema ‘cão’. O que difere, então, o filme (e conseqüentemente o livro) dos outros é a descrição de Marley como o pior cão do mundo. O filme rende muito boas risadas a qualquer um que o assista e despertará a simpatia de quase todos os que gostam de cães.

O final surpreende, a forma como são arrancadas lágrimas do público é incrível exatamente pela declaração de amor ao cão, mesmo ele sendo ‘o diabo com forma de cão’. As morais tão conhecidas da amizade entre homem e animal são reforçadas com um gás que fará vibrar até o mais desanimado telespectador. O que peca em ‘Marley & Eu’ é a não tão boa atuação de Owen Wilson que deveria ter ficado nas suas comédias ‘esculhambadas’. Jennifer Aniston, famosa pelo seriado ‘Friends’, tem especial destaque com seu jeito meigo e a sua especial interpretação como mãe. A emoção no final é cortada por toques de humor que fazem rir os telespectadores mais emotivos, misturando o salgado das lágrimas ao doce da risada nos trazendo um filme que termina de certa forma num tom agridoce não tão comum no gênero ‘comédia romântica’. A trilha sonora peca pela total adequação, e a moral não precisaria ser tão explícita, pois assim incutiria no telespectador uma reflexão.

Por fim, recomendo totalmente o filme para aqueles dias mais desanimados ou para assistir com todos os amigos comendo brigadeiro com pipoca e tomando aquele guaraná barato comprado na venda da esquina.

Well, Be a Marley.







Marley & Eu

Queime depois de ler (O trailer faz até parecer legal)








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