sábado, 14 de março de 2009

C’est la vie

Advertência: Livre-se de todos os seus pré-conceitos e fanatismos antes de começar a leitura da postagem, assim você conseguirá chegar ao âmago do assunto.

A linha da vida é escrita todos os dias por todos nós, cada pessoa continua sua linha desde o ponto inicial feito por sua mamãe, e, dia após dia risca segmentos de reta para que a vida continue. O que mais nos desperta curiosidade nessa linha é justamente os borrões que deixamos nas páginas, são ações que desencadeiam reações, nas quais é possível aprender muita coisa.


Já contei aqui uma história que aconteceu dentro do ônibus, aliás, vale ressaltar que os ônibus e as pessoas que utilizam esse meio de transporte podem todos os dias te dar exemplos variados de vida e/ou de atitudes. Caro leitor, volto agora a uma história que aconteceu dia destes, não é lá uma grande história, foi só um fato que me roubou tento.

Sentado num banco ali pelo meio do ônibus, mp3 no ouvido, cantarolando sem sons as tradicionais músicas pop que me acompanham por aí, e de olho em quem entrava e saía do ônibus alimentando meu péssimo costume de reparar nas pessoas. Pois entra um rapaz, em torno de 1,70 de altura, pele morena do sol, cabelos morenos, camiseta e jeans. E logo atrás entra outro rapaz, em torno de 1,80, pele branca, cabelos alvos, camisa de botões branca e calça cargo. O leitor mais atento agora dirá, mas como você se lembra de todos esses detalhes? Sinto cheiro de mentira! Ah! Incrédulo leitor, quando digo que tenho o péssimo costume de reparar nas pessoas, acredite, eu me lembro de todos os detalhes. Na minha frente havia um banco vazio (ou cadeira?) onde se sentou o rapaz moreno, em seguida o rapaz claro chegou e largou a bolsa para que o outro carregasse. Conheciam-se. Apesar da troca de palavras não ter sido praticada, falavam-se por breves olhares. A moça que sentada estava ao lado do rapaz moreno deu sinal de saída e levantou-se. O outro se sentou ao lado do que já estava sentado, pegou sua bolsa e respirou.

Volto ao ponto em que parei quando falava no início. Como já mencionei outra vez, as ações e reações das pessoas alteram nosso cotidiano, alteram nossa vida de alguma forma, e aqui onde parei é o início do borrão.
O rapaz de cabelos claros apoiou levemente a cabeça nos ombros do outro rapaz, e este deu lugar ao aconchego daquele. Em determinado momento houve um beijo tímido, no rosto, uma troca de carinho, algo diferente do que se costuma ver pelas ruas e esquinas. Era final de tarde, o cansaço dominava a todos dentro do ônibus, uma sensação mormacenta pairava no ar. As pessoas não perceberam o que lhe conto leitor, talvez, como já presenciei outras vezes, fizessem caras de poucos amigos, caras e bocas de horror, tudo advindo dos pré-conceitos arraigados na mente de cada um. Creio que a mensagem ainda não chegou ao fundo da sua mente, amigo leitor. Hoje, depois de todas essas voltas, quero falar de felicidade. Assunto já tão debatido, tão desgastado, algo que estamos cansados de ouvir, mas, que é presente em cada momento da nossa vida, pense bem, você é infeliz? Se for, a felicidade está presente na ausência de si mesma, confusão. Quero hoje questionar o direito e não a necessidade. Esta, sabemos que todas as pessoas têm, aquele, é o que todos devemos reivindicar. Eu tenho o direito de ser feliz? Ou o leitor pode julgar que não? Quem pode condenar as pessoas por elas serem o que são ou reivindicarem o direito de ser?

Leitor, a história que eu contei hoje serve para ilustrar como todas as pessoas podem ser felizes sem necessitarem de julgamento, de aprovação. Ou você é daquelas pessoas lupanares que andam pelas esquinas da vida agarrando-se com aqueles (as) perdidos (as)? Dentro do limite que a sociedade impõe, isto é, boa conduta, caráter, comportamento adequado, sem exageros sociais, apesar de ser hipocrisia dizer assim, pois muitos dos ditos líderes se encaixam nessas descrições; é perfeitamente possível ser e estar dentro do contexto social, infelizmente as pessoas é que impedem isso. Por que não deixar esses pensamentos deturpados para lá e cuidar da sua própria vida? Já é difícil manter o lápis no caminho certo, então não olhe para o lápis do outro ou você vai borrar o seu caderno, se o fizer, aprenda com o borrão para não repetir o erro novamente.

Não faça parte do ‘C’est La vie’ e continue dando com a cabeça na parede, você nunca vai conseguir derrubar a parede com ela. Só vai render dores e mais dores de cabeça para si mesmo.

Advertência tardia: Para os que não conseguirem livrar-se de tudo o que foi proposto, continue dando com a cabeça na parede, quem sabe um dia não consegue abri-la e arrancar tudo de lá. Para os que conseguiram se livrar do que foi proposto, deixe aqui, não vou devolver nada para vocês.

*Os posts aos quais me referi durante o texto são:
http://borradela.blogspot.com/2009/03/iogurte.html
http://borradela.blogspot.com/2009/03/era-uma-vez-um-emoticon-pensativo.html

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom.
Conversa com o leitor à la Machado.
Inteligente.
Gostei.

Anônimo disse...

Como já disse, adoro teus textos. Me faz pensar.
Estarei aqui esperando o próximo. ;)
Beijão!

P. Florindo disse...

Eu entendo essa sensação de espanto, apesar de reprová-la.

Gente frustrada e amargurada é uma coisa que não falta. Pessoas que tem esse tipo de comportamento sentem inveja de não terem ninguém que seja realmente especial para trocar carinhos como os dois rapazes. Muita gente foi educada assim: para ficar espantada porque essa é a reação "normal" de uma pessoa "normal".

Acho que não dá pra tentar conscientizar esse tipo de gente porque não adianta mesmo. É inútil como falar com as paredes.

Mas felizmente esses preconceitos vem diminuindo. Antigamente, essas pessoas eram tratadas como se tivessem um doença contagiosa grave. Hoje em dia, ainda existe o preconceito através de piadas, mas cada vez menos as pessoas são tratadas como doentes. Depende bastante dos meios que você habita e pessoas com quem se relaciona. O bom é evitar gente com o cérebro do tamanho de uma sardinha.

Menino Dieke disse...

Nossa q texto sem palavras no momento!!

Guilherme Gomes Ferreira disse...

Primeira vez que apareço no blog, e (veja só, coincidências da vida, linha que traçamos, mudança de percurso ou seja lá o que for) eu acabo me deparando sobre os temas preconceito e felicidade (coisas das quais eu adoro falar).

Achei muito fofo (não encontro outro adjetivo) o gesto dos dois rapazes. Sobre o preconceito social, é um fato e existem movimentos sociais que lutam justamente contra isso. O preconceito é uma coisa horrível e eu fico pasmado ante o fato de em pleno século 21 ainda existir esse tipo de coisa. No que tange a felicidade, ela é inerente ao ser. Todos buscamos, independende dos borrões e caminhos que traçamos. E sejamos felizes, com as nossas escolhas e saciando nossas sedes, nossas ânsias, nossos desejos e nossa vontade de ser feliz.