sábado, 7 de março de 2009

Iogurte

Penso que rotina faz parte da vida de todos. As nossas ações, reações, divisões e pensamentos são deveras instrumentos importantes dentro da nossa rotina, e, algumas coisas alteram esta, as ações, reações, divisões e pensamentos de outras pessoas.
Como de costume entrei no ônibus, lotado, pessoas esmagando-se, empurra aqui, empurra ali, puxa a sineta, um espirro, um celular tocando, um nenê chorando, o cobrador tossindo, tudo que de normal acontece em um ônibus lotado. Alguém já sentou nas cadeiras reservadas? Todos que usamos ônibus conhecemos aquelas cadeiras antes de passar a catraca, reservada para idosos, deficientes, gestantes, obesos, etc. Pois eu sento nelas, quando existe alguma sobrando, mas tenho em mente sempre, ressalto que sempre, devo deixar um deficiente, um idoso, uma pessoa que necessite sentar, não só por estar reservado, mas por educação. Estava o ônibus cheio como citei, e todas as cadeiras estavam lotadas, fiquei pela frente mesmo, não havia maneira de passar a catraca. Pois sobe para o ônibus uma senhora idosa, em torno de 70 anos e um senhor, aparentemente saudável e que não se enquadrava na categoria ‘acima de 65 anos’. A senhora com um pouco de dificuldade, viu uma pessoa levantar-se (que estava ali só porque não tinha outra necessitando) e lhe oferecer ajuda para sentar, a pegou pela mão e a ajudou a sentar, a ajeitar as coisas no chão, nada mais que a obrigação que temos, mas também uma grande gentileza. E no outro lado, onde eu estava, havia uma mulher sentada, mulher esta que nem cogitou a hipótese de levantar-se para a tal senhora se sentar. O senhor que entrou naquele momento perguntou se essa senhora necessitava daquele banco, se tinha necessidades especiais. No início não entendi o motivo da pergunta, mas, a mulher respondeu ‘vou até o bairro tal’ num tom grosseiro, mal-educado, típico de gentinha de baixa laia. O senhor ao ouvir essa resposta, puxou de seu bolso uma carteirinha, daquelas que as pessoas com certo grau de deficiência física têm. Mostrou e falou ‘eu sou deficiente físico e esse lugar está reservado para mim’. Vibrei naquele momento, a total afirmação, a defesa do direito, achei estimulante a atitude daquele senhor. A tal mulher levantou-se e falou ‘pois toma esta merda’ e bufou como um quadrúpede. Subiu-me o sangue e só não entrei no mérito da discussão para que não ocorresse uma briga. Transpus a catraca e me ative ao ferro da escada, esperando o destino final. São voltas e voltas que acabei de dar e enfastiei o leitor, mas continue, estou certo de que entenderão essas minhas voltas, delicados leitores.
Pergunto: o que o leitor concluirá disso tudo? Que a educação é importante?
De fato, a educação é importantíssima e é um legado que devemos deixar para as gerações futuras, ensiná-los a respeitar a verdade, os direitos, os deveres, etc. São estas ações tão contrárias que vivenciamos nos mostrando o quão podre muitos seres humanos se tornaram e como eles educam seus filhos e netos. As pessoas estão tão focadas no hoje, no agora, no presente, que esquecem a necessidade do ‘pensar no futuro’. O futuro não só nos aguarda como também aguarda quem amamos e respeitamos; Como então, pode existir atitudes tão baixas, tão animalescas (que me desculpem os animais), tão vis, egoístas? Será que o ser humano não percebe? Percebe. É óbvio que o ser humano percebe, ao ponto de ser hipócrita em sair por aí pregando a paz, pregando a igualdade quando só está pensando no seu próprio rabinho e enfeitando a sua fuça com frivolidades e coisas ordinárias. Alguém agora pode até levantar a bandeira que diz: ‘Calma aí, você está exagerando’, mas o benevolente leitor há de convir que só o exagero chame a atenção desses reles. Por outro lado, há pessoas maravilhosas espalhadas pelo mundo, estas não necessitam de aprovação, somente precisam de alguém para ajudar, ou para apoiar, pessoas que lutam, guerreiam pelos direitos do próximo e estão dispostas a ir até o fim por isto. É amigo leitor, a vida não é fácil, mas alguém um dia disse que ela é?
Todos esses acontecimentos me fazem questionar a necessidade que o ser humano vê no ‘ser feliz’, esse tal sentimento que todos buscam e poucos dizem ter, o mais interessante que dia deste eu li uma coluna no jornal, na qual o cronista contava que se conhecesse o cara que inventou o ‘ter uma vida feliz’, ia dar umas belas bolachas nessa pessoa, pois que raios são esses de ‘ser feliz’? Pedia que nos acostumássemos com a tristeza e que fossemos felizes dessa forma (?!). Divertido, não? Pois então, fatal leitor, não é que a felicidade pode existir? Deixo no ar dessa vez que cada um tente encontrar a sua felicidade, lembrando sempre que na felicidade, para ser completa, não existe a necessidade de pisar, nem passar por cima de ninguém, sejamos todos felizes consigo. Então vamos tomar iogurte.

(pense em Iogurte como um flavorizante)


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Um comentário:

P. Florindo disse...

Amazing, Rubis! Amazing!

Como estou pegando ônibus com frequência por causa do Gi, vejo essas cenas de falta de educação. Pessoas se acham no direito de reservar cadeiras colocando objetos sobre a outra, ou sentando-se afastado da janela para que as pessoas se sintam intimidadas.

Intimidadas? Como assim?

Você falou em educação e, muitas pessoas teriam que pedir "com licença" para o ser cara-de-cu para poderem sentar-se rente à janela. Bem, eu não tenho muito saco pra gente assim, chego e me meto ali mesmo, foda-se.

Tomara que essa moça seja uma velha dependente de ônibus que sofra de osteoporose. ¬¬

Educação é um legado sim. As pessoas deveriam pensar no futuro mas, primeiro, devem começar pelo básico: PENSAR!