segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Tons de Cinza



Todos os dias somos bombardeados pela mídia, seja ela impressa ou não, com conceitos de bem e mal. O engraçado nesses conceitos é que eles são absolutos, você leitor, já parou para pensar que nos filmes, desenhos, livros, ocidentais em sua grande parte, o herói representa o conceito de bem, e ele é só aquilo, com suas ações bondosas, seus pensamentos e atitudes extremamente perfeitos enquanto o bandido é pura e simples expressão da maldade? Estranho pensar assim, deveras estranho. Mas se agora você levantou um pouco o seu par de olhos em direção de a parede e olhou a cor dela para ajudar a fluírem pensamentos dentro dessa cabecinha, você viu que é realmente verdade. Para aqueles que turvaram a visão e lembraram-se de filmes ou desenhos orientais, eu tiro o meu chapéu.

É fato que a cultura oriental não prega um bem ou mal absoluto, nem tenta (na grande e desenvolvida parte dos casos) implantar um conceito de ser e/ou agir. Nos desenhos, livros, etcetera, os personagens tem o tão famoso ying/yang dentro de si, não são comente o ying ou o yang. Essa metempsicose bem/mal dentro das pessoas é o que formaria o caráter, com base nele que poderíamos fazer nossas escolhas baseando-se em um lado, ou no entremeio dos dois. Essa não decisão entre o preto e o branco é o que torna as ações do ser humano, sempre carregadas de tons de cinza, nestas, nada é realmente benéfico, nem maléfico. Seria assim mesmo? Quem sabe você conheceu alguém, ou pode apontar alguém na história que teve uma atitude realmente branca, ou preta.

Assim como a felicidade (que já é outro assunto, até meio gasto), a bondade e a maldade não são plenas na vida de todos nós, quem de vossas excelências leitoras vive na plena, sublime, absoluta maldade/bondade? Não seja hipócrita como tantas vezes já foi, amigo leitor, sei que não vivemos assim. De forma certa poderia afirmar que o ying/yang se manifesta pura e simplesmente em ações do dia a dia, somos bondosos por conveniência e maldosos por prazer. A crueldade é clara nas manchetes, nas notícias de última hora, nas conversas sobre aquele ‘sujeitinho’ pedante do café. Tingiremos nossa vida de negro nessas atitudes e momentos, mas podemos acizentá-la com atitudes brandas, alvas, em momentos que nos tornam o que somos.

Tons de cinza se formam sobre o preto de acordo com a luz que é projetada sobre. Assim o leitor terminará o texto concordando que nenhum ser humano é bondoso em sua plenitude, porém poderá agir sempre de forma branda se iluminar-se corretamente. A luz que todos buscamos pode estar ali, no chamado ‘lugar ao sol’ que você, leitor, espera; pode estar naquele dia que você ajudou a sua vizinha chata a carregar as compras; pode estar até naquela vez que sua mãe lhe disse pra você passar a noite na casa da sua avó pra ajudá-la com os remédios. Enfim, cada um procura a sua luz onde acha que é possível encontrá-la mesmo que depois das frustrações acaba achando-a no lugar mais improvável, e tinge, assim, a sua vida com tons de cinza.



Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei desse texto. Também não acredito na bondade nem maldade plena, apesar de que os meios de comunicação em massa ajam como se ele existisse.

"Somos bondosos por conveniência e maldosos por prazer."

Concordo. As pessoas seguem a linha do "é dando que se recebe" para atingirem os seus objetivos e somos maldosos em momentos egoístas, como quando planejamos ferrar com os nossos desafetos (já fui maldoso para dar o troco em pessoas maldosas e assim lavar a minha alma).

As pessoas gostam de ver a justiça sendo feita e o mal sendo punido. Não há exemplo melhor do que o BBB, onde o ser mais "imaculado" costuma vencer, embora ele tenha sido bonzinho grande parte do tempo por mera conveniência.