Todos os dias somos bombardeados pela mídia, seja ela impressa ou não, com conceitos de bem e mal. O engraçado nesses conceitos é que eles são absolutos, você leitor, já parou para pensar que nos filmes, desenhos, livros, ocidentais em sua grande parte, o herói representa o conceito de bem, e ele é só aquilo, com suas ações bondosas, seus pensamentos e atitudes extremamente perfeitos enquanto o bandido é pura e simples expressão da maldade? Estranho pensar assim, deveras estranho. Mas se agora você levantou um pouco o seu par de olhos em direção de a parede e olhou a cor dela para ajudar a fluírem pensamentos dentro dessa cabecinha, você viu que é realmente verdade. Para aqueles que turvaram a visão e lembraram-se de filmes ou desenhos orientais, eu tiro o meu chapéu.
É fato que a cultura oriental não prega um bem ou mal absoluto, nem tenta (na grande e desenvolvida parte dos casos) implantar um conceito de ser e/ou agir. Nos desenhos, livros, etcetera, os personagens tem o tão famoso ying/yang dentro de si, não são comente o ying ou o yang. Essa metempsicose bem/mal dentro das pessoas é o que formaria o caráter, com base nele que poderíamos fazer nossas escolhas baseando-se em um lado, ou no entremeio dos dois. Essa não decisão entre o preto e o branco é o que torna as ações do ser humano, sempre carregadas de tons de cinza, nestas, nada é realmente benéfico, nem maléfico. Seria assim mesmo? Quem sabe você conheceu alguém, ou pode apontar alguém na história que teve uma atitude realmente branca, ou preta.
Assim como a felicidade (que já é outro assunto, até meio gasto), a bondade e a maldade não são plenas na vida de todos nós, quem de vossas excelências leitoras vive na plena, sublime, absoluta maldade/bondade? Não seja hipócrita como tantas vezes já foi, amigo leitor, sei que não vivemos assim. De forma certa poderia afirmar que o ying/yang se manifesta pura e simplesmente em ações do dia a dia, somos bondosos por conveniência e maldosos por prazer. A crueldade é clara nas manchetes, nas notícias de última hora, nas conversas sobre aquele ‘sujeitinho’ pedante do café. Tingiremos nossa vida de negro nessas atitudes e momentos, mas podemos acizentá-la com atitudes brandas, alvas, em momentos que nos tornam o que somos.
Tons de cinza se formam sobre o preto de acordo com a luz que é projetada sobre. Assim o leitor terminará o texto concordando que nenhum ser humano é bondoso em sua plenitude, porém poderá agir sempre de forma branda se iluminar-se corretamente. A luz que todos buscamos pode estar ali, no chamado ‘lugar ao sol’ que você, leitor, espera; pode estar naquele dia que você ajudou a sua vizinha chata a carregar as compras; pode estar até naquela vez que sua mãe lhe disse pra você passar a noite na casa da sua avó pra ajudá-la com os remédios. Enfim, cada um procura a sua luz onde acha que é possível encontrá-la mesmo que depois das frustrações acaba achando-a no lugar mais improvável, e tinge, assim, a sua vida com tons de cinza.
Um comentário:
Gostei desse texto. Também não acredito na bondade nem maldade plena, apesar de que os meios de comunicação em massa ajam como se ele existisse.
"Somos bondosos por conveniência e maldosos por prazer."
Concordo. As pessoas seguem a linha do "é dando que se recebe" para atingirem os seus objetivos e somos maldosos em momentos egoístas, como quando planejamos ferrar com os nossos desafetos (já fui maldoso para dar o troco em pessoas maldosas e assim lavar a minha alma).
As pessoas gostam de ver a justiça sendo feita e o mal sendo punido. Não há exemplo melhor do que o BBB, onde o ser mais "imaculado" costuma vencer, embora ele tenha sido bonzinho grande parte do tempo por mera conveniência.
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