terça-feira, 12 de abril de 2011

Pelo direito de sentir



Eu sempre odiei títulos como esse daí, reivindicações me revoltam. Não sei o porquê desses elementos sempre confluírem de tal forma que me rendo a pequenas gotas desse drogar literário. Mas hoje não é um dia especial, e talvez por não ser, o seja. Hoje, o sol não brilhou pra mim, ele estava escuro, culpa minha. Não, não me desculpo, mas me culpo internamente, e também reivindico o direito de me desculpar pelo indesculpável. Ninguém tem culpa de sentir, tem?

Eu sempre pedi socorro e gritei mudo, me tranquei em 3 níveis, somente agora abri 1 das portas, e perdi a chave, ou roubaram? Não gosto que me vejam como alguém triste; ei! Leitor, olha lá, aquela pessoa sorrindo, feliz, parece uma boa pessoa, não? Simpática, alegre, queria ser amiga dela. Ei.. leitor, olha ali, que cara pra baixo, deve ser um chato, idiota, que fica se lamentando. É, leitor, me repito, isso tem acontecido muito, não? Pessoas não gostam de gente triste. Talvez a amizade seja pra isso, pra podermos compartilhar nossas alegrias, mas, e as tristezas? Dizem que quando aparecem, se os amigos sumirem, é porque você estava sozinho. Aí eu pequei, talvez.

Guardo todas as tristezas pra mim, isso é egoísmo? Não compartilhar tristezas? Eu sempre acreditei que não, mas, será? A dúvida me surge de tempos em tempos, guardar tudo pra mim dói, aperta, você sabe como é isso, leitor? Talvez faça mal ao coração, não, tenho certeza que faz mal ao coração, sinto como se ele estivesse sendo lentamente digerido por um ácido, mas me acostumei com isso, sou um tanto sádico. Cansei de sorrir quando não o quis fazer, cansei de deixar de sentir, cansei de abdicar dos meus direitos como ser humano, como ser que sente, como ser que vê, que pensa, que ri, que chora, que grita e que pede socorro.

Meu medo maior é compartilhar tudo e descobrir que nunca tive amigos, e agora, com isso tudo aqui escrito, talvez, aqueles que tenho, se ressintam, pois não consegui os confiar o meu eu. Cansei de pensar demais nisso tudo. É, estou cansado, me sinto velho, incapaz de amar, sorrir, chorar, gritar, sem fôlego de vida, mas, leitor, tenho que contar, estou tentando... Mesmo que só tenha me sobrado no peito uma sombra do que já esteve ali, alguém poderia me ajudar a recuperar? Tratar das feridas, zelar, ou isso é tarefa só pra mim? Que já me mostrei tão incapaz esses anos todos...

Me escrevo, não descrevo.

Um comentário:

P. Florindo disse...

Questão de autocontrole? Talvez...

Algumas coisas a gente não tem como esconder, abafar, fingir que não está acontecendo. Nessas horas, você deve se abrir com alguém que você confia, ela entenderá ou vai se esforçar para isso. Se não houver ninguém confiável, escreva e ponha toda a sua angústia, dúvidas e desejos marcados com tinta azul sobre um papel, ou no Word, num fórum, NUM BLOG!! ou em qualquer lugar que você possa achar melhor (e postando anonimamente, se quiser). Ou fale com as plantas, com o cachorro, com a sua mão...

No entanto, há coisas que é melhor não ficar compartilhando nem com os amigos porque você pode se sentir muito idiota de ter desabafado e arrepender-se depois porque se deixou levar pelo "calor da hora". Também não podemos esquecer daquelas pessoas que você não precisa ficar provando nada para elas porque elas são irrelevantes na sua vida, por exemplo, bancar o Bruno & Marrone e dizer ao guarda que foi abandonado pela mulher e que, por isso, dormiu na praça. #fail #foreveralone